quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Posts da Princesa - Ode ao amor

Sinto-me livre para sair um pouco do contexto e escrever sobre o amor. Sentimento nobre, que move a nossa vida, do qual pouco se sabe ou se consegue explicar.

Todos nascemos do amor. Crescemos em busca do amor. Vivemos em função do amor e de amar. Amar a si mesmo, amar a família, a alguém, a uma profissão, a um lugar.

Amando, aprendemos a viver e moldamos nosso caráter perante o outro, a nós mesmos, às circunstâncias. Com amor, perseveramos nos mais árduos projetos, pois sentimos, dentro do nosso fervilhar de emoções, que seremos recompensados ao final da jornada. O que não nos damos contas é que, em grande parte das vezes, a recompensa está em percorrer o caminho, não em seu término. Ricos são aqueles que conseguem desvendar esse que é um dos grandes mistérios do amor.

 É bem certo que muitas vezes, por causa desse sentimento, tornamo-nos cegos e surdos. Noutras ocasiões, permanecemos mudos, onde, em tantas outras, costumávamos falar. Mas é essa a magia do amor. Ele nos enobrece. Ele nos modifica. Faz com que tornemo-nos mais tenros e compreensivos. Ele nos amadurece e transmite-nos confiança frente a todos os imprevistos.

 Sim...Ele nos proporciona tudo isso...E muito mais. Dádivas e mais dádivas nos são derramadas quando entendemos que em tudo, na vida, é preciso empregar o amor. Já pensou o quão melhor nosso mundo seria, se todos procurassem viver um pouco mais engajados nisso? Quantas lágrimas deixariam de ser derramadas, quantas famílias permaneceriam unidas, já pensou?

Sei que parece utópico, sonhador, mas ainda acredito que podemos conseguir. E sigo minha vida com um único objetivo primordial: o de amar seja lá o que for.




Segue um poema do ilustríssimo Drummond...

Amar
(Carlos Drummond de Andrade)
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

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