Creio que não cheguei a mencionar, mas, durante o período em que estivemos na estrada e atravessando todas as dificuldades que nos foram apresentadas, fomos obrigados a nos desfazer de grande parte de nossa bagagem.
Essa necessidade mostrou o quão frágil podemos ser, o quão apegados estamos às coisas com as quais convivemos, às lembranças em um simples pedaço de papel, às roupas, aos quadros, às armas e armaduras antigas.
Quando nos vimos obrigados a abandonar todas as pequenas lembranças do que deixamos para trás, muitos simplesmente não conseguiram fazê-lo. E por causa disso, tornaram-se presas fáceis às tropas inimigas, devido à lentidão na qual caminhavam.
Questiono-me por que insistimos em armazenar coisas, pensamentos, emoções, sensações...
Questiono-me sobre o objetivo disso tudo. De certo, não haveria a história sem as provas. Logo, vejo sim certa importância. Mas minha dúvida aparece em relação ao excesso, ao agarramento desnecessário a situações e fatos que não voltarão jamais. A pessoas que não voltarão. A momentos que jamais poderemos reviver.
Minha indagação segue sobre aqueles que não conseguem prosseguir, pois têm suas vidas presas e direcionadas ao que já passou; e aí está o grande perigo.
O abstrato também pesa em nossa bagagem, não só o físico. Os primeiros, em minha opinião, pesam ainda mais que o último, tornando-nos presas fáceis à captura e manipulação pelo inimigo.
É preciso que nos tornemos donos, não reféns da nossa história. Lembrar do ontem com o sentimento bom de quem seguiu adiante; do futuro, como uma meta tangível; e do presente, como o propósito da vida.
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